

Sem democracia e participação a Embrapa não tem solução!
Apesar dos avanços e contribuições inegáveis da Embrapa para a sociedade e para a agricultura brasileira, continuamos com muitos problemas e recebemos críticas de vários segmentos, pois ainda trabalhamos majoritariamente para reforçar o modelo hegemônico de agricultura de escala. Um modelo que é pautado em monocultivos, uso intensivo de insumos químicos, agrotóxicos, máquinas e implementos de grande porte movidos a energia fóssil não renovável, com pouca geração de postos de trabalho, grande concentração de terra e riqueza, além do elevado passivo ambiental e social.
De outro lado, a estrutura da Embrapa ainda é extremamente vertical, centralizada e refratária à efetiva participação de suas(eus) trabalhadoras(es) e dos diferentes segmentos que demandam a pesquisa agropecuária pública, numa lógica tecnocrática e monolítica. O Consad, órgão da administração superior e responsável pela organização, controle e avaliação das atividades da empresa, apesar de ter uma representante eleita pelas(os) trabalhadoras(es), é um colegiado controlado pelo MAPA e não representa a enorme diversidade da agropecuária brasileira como agricultores familiares, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores, quilombolas, dentre outros. Da mesma forma, o Conselho Assessor Nacional da Embrapa, bem como os Conselhos Assessores Externos das unidades, ou não existem ou, quando funcionam formalmente, não são efetivos e muito menos representativos. Em síntese, apesar da Embrapa ser uma empresa pública é ainda extremamente avessa ao controle social, pois não é democrática e nem inclusiva.
No sentido de contribuir com o debate sobre a democracia na Embrapa, no final de 2021 e início de 2022, aproveitando o andamento, à época, do processo de recondução/seleção dos gestores das unidades, a Diretoria da Seção Sindical Campinas e Jaguariúna do SINPAF realizou enquetes para que as(os) trabalhadoras(es) pudessem avaliar o desempenho das chefias da Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Territorial, sendo os resultados amplamente divulgados em edições especiais do informativo Curupira.
A iniciativa foi uma maneira de dar visibilidade aos anseios das(os) empregadas(os), possibilitar que todas(os) pudessem avaliar o desempenho da sua chefia e chamar a atenção para a necessidade do processo de seleção para esses cargos ser mais democrático, inclusive com participação direta das(os) trabalhadoras(es) e dos segmentos que demandam a pesquisa agropecuária pública.
Pela importância desse processo, a Diretoria da Seção Sindical Campinas e Jaguariúna do SINPAF repete essa iniciativa no final de 2024 e o compromisso de assegurar o sigilo da identidade das(os) participantes. Nesta edição da enquete de avaliação, optou-se por usar, também, o questionário elaborado pela Embrapa, Diagnóstico de Percepção da Força de Trabalho, uma vez que as(os) trabalhadoras(es) não tiveram acesso ao resultado dessa consulta quando da sua aplicação pela empresa. Assim, replicamos o questionário para que todas(os) tenham acesso ao resultado e essa é a Parte 1 da enquete.
Na Parte 2, apresentamos as questões elaboradas pela Diretoria da Seção Sindical, fundamentais para termos a percepção de como é avaliado o trabalho dos gestores dessas unidades.
Nos próximos dias, o resultado dessa enquete e uma breve análise serão apresentados pelo informativo Curupira por unidade.
Apesar da participação das(os) trabalhadoras(es) ter sido significativa, ainda está aquém do esperado, expressando, dentre outros fatores, certa desconfiança e receio de que suas respostas possam ser identificadas pelos respectivos gestores.
Com esta iniciativa, esperamos contribuir para uma Embrapa verdadeiramente Pública, Democrática e Inclusiva e essa é uma tarefa de todas(os) nós.
Diretoria da Seção Sindical Campinas e Jaguariúna do SINPAF